Automação de processos e inteligência artificial já são realidade nos negócios entre empresas. De acordo com a Gartner, até 2029, cerca de 80% das decisões humanas em compras e supply chain serão aumentadas por IA. Esse dado mostra que a tecnologia não apenas transforma o setor, mas também redefine o papel estratégico do comprador.
Mais do que executar tarefas operacionais, o profissional de compras passa a atuar como analista de dados, estrategista e integrador de inovação. Enquanto os algoritmos assumem atividades repetitivas e de baixo valor agregado, o comprador ganha espaço para negociar melhor, gerenciar riscos, fortalecer relacionamentos e impulsionar práticas sustentáveis ao longo da cadeia de suprimentos.
O maior desafio na nova era do procurement não está apenas na adoção de novas tecnologias, mas na forma como os profissionais de compras se adaptam a elas. Com a automação de processos e o suporte da inteligência artificial, os compradores passam a ter mais tempo para funções estratégicas, ampliando o protagonismo da área e fortalecendo a geração de valor para a empresa.
Os desafios do comprador na era digital
1. Mudança de mindset
A evolução tecnológica exige que o comprador vá além da execução de tarefas operacionais. O profissional precisa adotar uma postura analítica e estratégica, capaz de interpretar dados e apoiar decisões complexas.
Com isso, o comprador se consolida como agente de transformação e direciona seus esforços para gerar valor sustentável para o negócio e fortalecer a posição estratégica da área de compras.
2. Gestão da informação
O crescimento exponencial de dados é, ao mesmo tempo, uma oportunidade e um desafio. A capacidade de filtrar, organizar e transformar grandes volumes de informação em estratégias se torna essencial para a tomada de decisão.
Nesse cenário, ferramentas de analytics e IA são aliadas do comprador, mas exigem que ele desenvolva competências em interpretação de dados. Assim, é possível garantir que a informação seja efetivamente útil para as decisões.
3. Engajamento do fornecedor
O avanço da automação não elimina a importância do relacionamento humano na gestão de fornecedores. Pelo contrário: em um ambiente digital, engajar parceiros de forma transparente e colaborativa é essencial para garantir inovação, cumprimento de prazos e práticas sustentáveis ao longo da cadeia de suprimentos.
Plataformas digitais, como o e-Procurement, oferecem recursos para monitorar desempenho, compartilhar informações em tempo real e ampliar a transparência. Mas o comprador continua sendo o elo estratégico que transforma tecnologia em confiança, fortalecendo alianças e criando valor conjunto com os fornecedores.
4. Comunicação com áreas internas
O comprador moderno precisa atuar como um integrador dentro da empresa, conectando diferentes áreas envolvidas no processo de decisão. Finanças, jurídico, operações e sustentabilidade são exemplos de setores que precisam estar alinhados às estratégias de compras.
A comunicação clara e estruturada é indispensável para traduzir dados, justificar escolhas e engajar stakeholders internos. Esse papel consultivo do comprador garante que a automação seja utilizada de forma inteligente e que as decisões reflitam os objetivos estratégicos da organização.
5. Habilidades comportamentais
Mais do que competências técnicas, o comprador na era digital precisa desenvolver habilidades comportamentais. Inteligência emocional, empatia e capacidade de negociação estão entre os atributos mais valorizados, pois, embora as máquinas assumam tarefas operacionais, não conseguem substituir a sensibilidade humana.
Essas habilidades fortalecem a liderança, ajudam a lidar com cenários de incerteza e favorecem a construção de relacionamentos sólidos com fornecedores e colegas de diferentes áreas. No fim, são as competências comportamentais que diferenciam o profissional e consolidam seu papel estratégico em um ambiente cada vez mais orientado por dados e tecnologia.
As oportunidades do comprador com automação e IA
1. Eficiência operacional e compliance
A automação reduz erros manuais, padroniza processos e aumenta a rastreabilidade em tempo real. Isso fortalece o compliance e garante que as compras sejam realizadas com maior transparência e aderência às políticas da empresa.
Além disso, processos que antes demandavam horas — como a validação de contratos ou o acompanhamento de pedidos — passam a ser feitos em minutos, liberando tempo para que o comprador atue em atividades de maior valor agregado.
2. Decisões orientadas por dados
Com apoio de analytics e machine learning, os profissionais de compras conseguem interpretar padrões de consumo, identificar riscos e antecipar cenários. Essa análise preditiva fortalece a negociação, oferecendo dados concretos que embasam decisões estratégicas.
O comprador deixa de trabalhar apenas de forma reativa e passa a atuar de maneira proativa, conduzindo processos com mais segurança e assertividade.
3. Seleção de fornecedores mais estratégicos
As soluções digitais ajudam a mapear o mercado e identificar fornecedores alinhados a critérios de inovação, custo e sustentabilidade. Isso amplia a competitividade da cadeia de suprimentos e permite que a empresa adote práticas mais responsáveis.
Além disso, a automação facilita a comparação entre propostas, agilizando a escolha e fortalecendo o relacionamento com fornecedores de alto desempenho.
4. Foco em inovação e sustentabilidade
Ao assumir um papel mais consultivo, o comprador pode integrar objetivos de ESG e inovação às estratégias de procurement. A tecnologia se torna uma aliada para monitorar indicadores ambientais, sociais e de governança, impulsionando iniciativas sustentáveis.
Essa abordagem fortalece a reputação da empresa, cria valor de longo prazo e posiciona a área de compras como protagonista das transformações corporativas.
5. Protagonismo estratégico do comprador
Com a automação das atividades transacionais, o comprador passa a ser reconhecido como um parceiro estratégico dentro da organização. Seu papel não se limita à redução de custos, mas se expande para a geração de valor, a mitigação de riscos e a contribuição para a inovação do negócio.
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